segunda-feira, 5 de julho de 2010

A NATUREZA DA IGREJA

Curitiba, 05 de julho de 2010

Estamos vivendo um período onde a credibilidade da igreja como instituição religiosa está em baixa, provocada principalmente por algumas atitudes de líderes religiosos que não correspondem às expectativas do povo cristão e especialmente da Bíblia Sagrada.

Poderíamos citar vários episódios para ilustrar tais ocorrências, mas, como o foco aqui é a natureza da igreja, deixemos isso de lado e nos atenhamos à igreja ideal.

Em um manuscrito medieval encontrou-se o seguinte dizer: “A igreja é como a arca de Noé, se não fosse a tempestade lá fora, não seria possível suportar o cheiro dentro dela”

É triste, mas podemos considerar isso como sendo realismo nu e cru!

Em nossos tempos muitos poderão preferir a tempestade ao cheiro.

A igreja é de origem divina, criada por Deus através de Jesus Cristo (estamos considerando o cristianismo como fonte de nossa abordagem).

O conceito que os seus membros têm quanto à natureza da igreja vai determinar tudo o que a igreja faz. É indispensável, pois esse conceito se fundamenta na Bíblia, iniciando com Mateus 16.18

“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;”

“Edificarei a minha igreja”. Não uma construção de tijolos, nem tampouco uma organização especializada, institucional e até mesmo empresarial como muitos líderes a desejam nos nossos dias; Jesus estava falando de uma comunidade de pessoas unidas a ele. Esta comunidade é especial justamente por causa dele mesmo, Jesus Cristo.

A frase “Igreja de Deus” ou “Igreja de Cristo” revela o significado essencial da igreja.

Igreja (eklesia) por si só não significa mais do que simplesmente “reunião”. Mas “Igreja de Deus”, indica que o caráter desta reunião não está em seus membros, mas em seu cabeça Jesus Cristo. É a assembléia ou reunião de Deus.

Quando falamos em igreja local deve ser entendido como:

“é um grupo de pessoas que, atendendo ao chamado de Cristo em fé e obediência, foram batizadas e se reúnem organizadas num determinado lugar para fins de adoração e estudo da palavra (Bíblia Sagrada), testemunho, edificação mútua, e serviço ao próximo” (Teologia Sistemática, de Zacarias de Aguiar Severa).

Entende-se então que em sua essência, a igreja é constituída de pessoas que pela fé e obediência estão unidas a Cristo, e, organizadas, promovem a causa de Cristo.

A igreja, portanto, é de origem divina, constituída de pessoas convertidas a Cristo.

Estas pessoas devem viver em comunhão, para que haja a idéia de igreja. Estas pessoas têm uma missão e se reúnem tendo em vista o cumprimento de suas tarefas. Logo, missão é parte integrante da igreja, como podemos ver em Mateus 28.16 a 20:

“16 Partiram, pois, os onze discípulos para a Galiléia, para o monte onde Jesus lhes designara. 17 Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. 18 E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. 19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.”

Buscando compreender a Natureza da Igreja, chegamos ao entendimento de que a missão da igreja no mundo se define em atenção a cinco áreas básicas. Não existe qualquer base bíblica para a atribuição de prioridades a uma ou outra dessas áreas, em detrimento das demais:

A. ADORAÇÃO (doxia);

B. COMUNHÃO (koinonia);

C. PROCLAMAÇÃO (kérigna);

D. SERVIÇO (diakonia);

E. EDUCAÇÃO (didake).

Muitos dos líderes responsáveis pelo atual questionamento quanto à integridade da atuação da igreja de Cristo têm deixado de lado alguns destes princípios básicos, esquecendo que o principal papel do líder religioso (independente de denominação) é o de servir, e não o de ser servido.

Como cristão, creio que não podemos nos eximir da parcela de culpa que nos cabe. Sendo assim, entendo que cada um de nós, fazendo uso do bom senso, precisa se encorajar, confrontando biblicamente as atuações de nossos líderes junto à nossa comunidade de fé e à sociedade como um todo.

Isso sem, no entanto, nos esquecermos de uma auto-análise, buscando em nós mesmos o aprimoramento pessoal, para que todos juntos possamos cumprir com excelência a missão deixada por Jesus a cada nós.

Ainda que nos doa, precisamos entender que entre o “profeta” e o “Deus do profeta”, devemos sempre ficar com o Deus do profeta.

Marcos Miranda

4 comentários:

  1. Cara esse texto ficou ótimo, muito bom mesmo. Ainda existem líderes com essa visão, e esses, infelizmente, sofrem um bucado com todo o resto que andam como CEGOS, mais preocupados em proclamar a bandeira da denominação religiosa, que os princípios citados da igreja de Cristo. Mas graças a Deus que sempre tem os seus.
    Grande abraço e continue expondo esses pensamentos importantíssimos!

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  2. Ótimo texto.
    Os cinco ítens citados como áreas básicas na igreja são muito bons para organizar os pensamentos daqueles que possuem dificuldade em enxergar qual o papel da igreja neste mundo, pois partindo destes, se desenrolam uma série de obras que são ( ou deveriam ser ), praticadas por todos nós que fazemos parte desta igreja.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Certíssima suas palavras Marcos.Esses versículos mostram a verdadeira função da igreja na sociedade.

    A igreja é a plataforma de lançamento para a evangelização do mundo (Mc16.15; Tt 2.11).
    A igreja é o ambiente em que se desenvolve e amadurece uma liderança espiritual forte (2 Tm 2.2).

    A igreja goza de credibilidade e grande conceito junto a sociedade, sendo de suma importância na implantação dos valores morais, espirituais e sociais nesse mundo. Sem Dúvida que Líderes de igrejas sem está percepção do papel da Igreja na vida das pessoas, tendem a se transformarem em pessoas, insensíveis e incapazes de raciocinar nestes valores e infelismente, como disse muito bem o Anderson
    que estão mais : "Preocupados em proclamar a bandeira da denominação religiosa, que os princípios citados da igreja de Cristo.
    Infelismente é uma realidade, porém Graças a Deus que isso não se da em sua totalidade.

    Muito Bacana esta reflexão Marcos. Continue expondo estes assuntos polémicos, porém gostosos de se discutir.
    Um Grande Abraço

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