segunda-feira, 14 de junho de 2010

SENHOR, ENSINA-NOS A ORAR! 4

Curitiba, 14 de junho de 2010

Versículo 11:

“o pão nosso de cada dia nos dá hoje”

Trata-se de uma petição, e é possível entender que Jesus não está se referindo ao pão espiritual e sim do pão físico. Mas é verdade que encontramos em outras passagens ele falando sobre o pão espiritual, como em João 6. 22-40.

Conhecendo Jesus como uma pessoa que sabia viver cada dia conforme a vontade de Deus e sob seus cuidados, ele jamais nos orientaria a ficarmos preocuparmos, pelo menos de maneira demasiada, quanto ao alimento do futuro. Seria um contra senso para alguém que ensina aos discípulos e ao povo a importância de não sermos ansiosos e confiarmos na providência divina. (Mat 6.25)

“25 Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?”

Tenho um amigo que certo dia falou algo que me levou a ser mais grato a Deus pelo que tenho recebido dele. Ele disse: “Minha casa não é uma mansão, minha comida de cada dia não é caviar, nem filé mignon, minhas roupas não são Levi’s, Puma, Gap... afinal de contas, Deus não me prometeu nada disso, ele prometeu que eu teria onde morar, o que comer e o que vestir e nisto ele tem sido fiel.”

A preocupação de Jesus era com o hoje, com o agora, por isso nunca fugia ao foco dos propósitos de Deus para sua vida.

Temos agido desta forma?

Em geral, nos preocupamos em “armazenar” para o futuro e isto em si não é errado. O problema é quando fazemos disso o objetivo de nossas vidas, nos tornando mesquinhos, avarentos, e aterrorizados a tal ponto que deixamos de buscar a felicidade do hoje e do agora, esperando uma farta felicidade que ninguém pode afirmar se chegará.

Jesus nos mostra que é preciso buscar o equilíbrio, o meio termo, o bom senso. Creio ser uma boa opção ser feliz com o que temos, enquanto não podemos ser feliz com o que desejamos ter. Esta atitude não nos impede de buscar o que se deseja e nos permite curtir a alegria e a felicidade através do que se consegue conquistar no momento.

Também é importante entendermos a força do “...buscai primeiro o reino de Deus e todas as demais (não todas as coisas, como muitos usam) vos serão acrescentadas.” (Mateus 6. 26 a 34)

"26 Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas? 27 Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura? 28 E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam; 29 contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. 30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? 31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir? 32 (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso. 33 Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. 34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal."

Estaremos em paz se mantivermos sempre em mente que Deus acrescenta em nossas vidas aquilo que precisamos e nem sempre aquilo que queremos ou desejamos, pois Deus conhece nosso caráter. Sendo assim, nem sempre o que “queremos” irá acrescentar valores positivos em nossas vidas. Isto se dá porque Deus está no controle de nossas vidas, nos conhece como ninguém, mais do que nós a nós mesmos.

O termo ...todas as demais...está diretamente relacionado a isto, ou seja, serão as “coisas” que Deus considerar necessário. Portanto, não serão todas as coisas, mas aquelas que ultrapassam as nossas necessidades básicas e que agregarão valores positivos à nossa vida diante das circunstâncias.

Não devemos, no entanto, esquecer que embora Deus conheça nossas aspirações pessoais, ele se alegra em ouvir de nossa própria boca os desejos de nossos corações. Desta forma, ele nos responderá com SIM, NÃO ou quem sabe ESPERE, pois pode não ser o momento ideal para o que desejamos, levando em consideração as circunstâncias que estamos vivendo. O problema é que dificilmente temos discernimento suficiente para entender isto. Para mim e para você, tudo o que desejamos e queremos deve que acontecer, e tem que ser para já, para agora.

Por exemplo: Eu posso estar revoltado com determinados fatos que ocorrem em minha instituição religiosa, posso ter sido injustiçado por alguém, entre outras coisas.

Neste momento recebo uma benção de Deus e realizo a compra de minha tão esperada casa na praia (se este for meu desejo de consumo). Ótimo, mas, tais circunstâncias podem me induzir a ir todo final de semana “buscar refúgio” em minha casa de praia, me afastando do convívio das pessoas ou da instituição religiosa. Ao invés de procurar resolver a situação, fico alimentando sentimentos negativos em torno do fato, levo amigos para a praia e lá, confortavelmente começo a passar para eles o acontecido, instigando-os, mesmo sem perceber, a ter uma visão distorcida da instituição ou da pessoa envolvida nos fatos.

Se meus amigos não forem da minha religião ou da minha igreja como os convidarei para fazer uma visita à igreja? Certamente não desejarão fazer parte da minha comunidade de fé, pois terão uma visão negativa da mesma, e o que é pior, por influência minha.

Mais tarde, posso resolver minhas pendências com as pessoas ou instituição, mas dificilmente tirarei da mente de meus amigos a imagem negativa que plantei em seus corações.

Considerando a idéia acima, podemos entender que Deus considera o que desejamos, mas nos dá o que necessitamos, e na hora certa providencia a realização dos desejos (as demais coisas), e esta hora quem define é ele, que tudo sabe e tudo vê.

Cabe aqui uma observação. Quando falei: “Fica evidenciado que a oração proposta (Pai Nosso) não tinha como objetivo principal dar a Deus informações a respeito de nossas necessidades, visto que ele as conhece bem." não significa que não devemos nos dirigir a Deus com orações de petição. O próprio Jesus nos disse em Mateus 7. 7:

"7 Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. 8 Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. 9 Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? 10 Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? 11 Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem?"

Meu questionamento está relacionado ao orarmos repetidamente em torno do mesmo objetivo material acreditando que a repetição irá cansar Deus fazendo-o nos atender, especialmente quando pedimos mal, “para nosso deleite”.

É possível ainda ponderarmos a seguinte possibilidade:

Deus é um pai zeloso. Deseja nos ver felizes, a tal ponto que ao ser “cobrado” (oração insistente em torno de algo) para realizar algum desejo nosso, pode até nos conceder, mas sempre será com o propósito de nos ensinar através das conseqüências que virão.

Muitas vezes nós pais também somos levados pelo muito insistir de nossos filhos a lhes conceder algo que poderá não trazer o resultado esperado, mas dizemos “tá bom, tá bom...”. O grande problema é que ao contrário de Deus não temos nas mãos o controle da situação futura.

Se nós que não conhecemos o futuro de nossos filhos agimos desta forma e cedemos, imagine Deus, nosso PAI CELESTE que tudo vê, tudo conhece, tudo controla e que pode transformar a experiência em algo positivo.

Há a história de outro amigo que ao completar 18 anos orava a Deus pedindo a oportunidade de comprar um veículo, mais especificamente um Opala, carro antigo e que ele gostava muito.

Durante dias, semanas e meses orou insistindo nisto. O dinheiro estava reservado à espera da oportunidade. Quando ao olhar o jornal encontrou um anúncio a respeito, saiu correndo e fechou negócio.

Diz ele que após 6 meses orava a Deus para que encontrasse comprador para o Opala dos seus sonhos, que por ser antigo era gastador, estragava facilmente, não se encontrava todas as peças no mercado e quando as achava eram caras.

Depois de algum tempo apareceu um comprador e ele disse a Deus: “Obrigado Senhor!!!”

Sua insistência foi atendida, mas ele percebeu que era para aprender algumas lições, entre elas a de que carros antigos não cabem no orçamento de qualquer pessoa e ele era uma delas.

Perceba que um só versículo nos levou a refletirmos a respeito de muitas coisas. Esta pequena reflexão nos permite entender que Jesus realmente não estava aqui preocupado com o alimento da vida toda, assim como não se preocupava com bens materiais, mas com o alimento de hoje, sem a preocupação de fazer estoque, como se Deus não estivesse pronto a providenciar as condições necessárias para o sustento de amanhã.

Creio ser importante uma observação final em relação a esta passagem no tocante ao possível paralelo encontrado entre o pão literal e o pão espiritual. O pão literal se faz necessário para que nosso organismo mantenha-se vivo, em funcionamento. Porém, muitas vezes, podemos estar emocionalmente perturbados a tal ponto que empurramos um prato de comida (pão literal) para o lado e dizemos “não tenho fome!”. Podemos estar com o estômago vazio e ainda assim não sentir fome porque nosso espírito pode estar aflito, sem paz. Certamente a minha e a sua vida seria uma constante aflição se não buscássemos saciar nossa “fome espiritual” através do “pão espiritual”.

Quem sabe em outra oportunidade façamos um estudo relacionado especificamente deste pão.

...continua....

Um comentário:

  1. Olá!! Tudo bem? Continuação excelente... e lá vamos nós!!

    "Jesus nos mostra que é preciso buscar o equilíbrio, o meio termo, o bom senso."
    Ainda bem que disse isso, pois qdo começou dizendo que não se preocupava com o futuro, etc. lembrei da propaganda de um cartão de crédito que faz com que as pessoas se alienem e só pensem no agora, sem olhar as consequencias de uma vida desregrada e "gastadora"... as pessoas tendem a se dividir em 2 grupos: os q se preocupam mto com o futuro e guardam td pra depois, sem viver o hoje e as que não pensam no futuro e queimam tudo que tem no agora, não tem casa, não tem "economia", nao tem nada e, se algo der errado no hoje, não terão como se virar amanhã.
    Assim, buscar o bom senso e o equilibrio, IDEAL, pratica maravilhosa, que Cristo já ensinava. E, ainda bem, que algumas pessoas conseguem seguir!! :D

    "Estaremos em paz se mantivermos sempre em mente que Deus acrescenta em nossas vidas aquilo que precisamos e nem sempre aquilo que queremos ou desejamos, pois Deus conhece nosso caráter. Sendo assim, nem sempre o que “queremos” irá acrescentar valores positivos em nossas vidas. Isto se dá porque Deus está no controle de nossas vidas, nos conhece como ninguém, mais do que nós a nós mesmos."

    Não precisa nem de comentário, disse tudo!! :D

    "O termo “...todas as demais...” está diretamente relacionado a isto, ou seja, serão as “coisas” que Deus considerar necessário. Portanto, não serão todas as coisas, mas aquelas que ultrapassam as nossas necessidades básicas e que agregarão valores positivos à nossa vida diante das circunstâncias."

    Outra vez, mostra como muitas vezes estamos equivocadas, até mesmo por usar e repetir o "todas as coisas", acabamos criando uma expectativa totalmente equivocada! E tbm, mtas vezes esperamos q essas demais coisas sejam as demais coisas que queremos e nao as que Deus quer para nós! Pobres de nós, que muitas vezes, mesmo com tanto conhecimento, "pisamos na bola", cedendo aos nossos desejos e impulsos de prazer (querendo o que queremos e não o que deveriamos querer!)

    "Meu questionamento está relacionado ao orarmos repetidamente em torno do mesmo objetivo material acreditando que a repetição irá cansar Deus fazendo-o nos atender, especialmente quando pedimos mal, “para nosso deleite”. "
    EU RI!

    Bjs tio! Bora escrever mais!! ;-)

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