domingo, 20 de junho de 2010

SENHOR, ENSINA-NOS A ORAR 5

Versículo 12:

“ e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado (perdoamos) aos nossos devedores”;

Em Lucas11.4 4 encontramos este versículo da seguinte forma: “e perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos deve;” - Lucas faz seu registro usando a palavra pecado no lugar de dívidas, o que nos leva a entender que os pecados podem ser considerados dívidas em relação a Deus. No grego clássico, o termo visava às dívidas no sentido literal, e a mesma palavra é aqui usada para indicar as dívidas morais e a necessidade que temos do perdão de Deus e da dependência de sua misericórdia.

O uso do termo “como nós temos perdoado” não significa que Deus não nos perdoará se nós não perdoarmos (embora os vss. 14 e 15 levem a isso). O verdadeiro sentido é a maneira do perdão. Nós devemos perdoar gratuitamente, sem esperar coisa alguma em recompensa, assim como Deus nos perdoa independentemente do fato de que poderemos voltar a pecar da mesma forma (o mesmo pecado ou não). Ou seja, ele o faz sem exigências, sem condições.

Normalmente ao perdoarmos alguém somos humanamente levados a dizer: “Eu te perdôo, mas não quero ver você fazer isto de novo”, ou seja, impomos condições para que o perdão continue valendo. Deus não! Ele nos perdoa e esquece o fato.

“Há uma história que fala de um homem muito usado por Deus através de um dom conhecido pelo grupo dos evangélicos como o dom da revelação.

Quando da vontade de Deus, por onde ele passava, era usado para ajudar as pessoas revelando fatos ocorridos que estavam atrapalhando seu crescimento espiritual, assim como as alertando de conseqüências futuras em função de atitudes erradas que deveriam ser revistas e mudadas.

Certo dia um homem que, embora cresse em Deus, ao ficar sabendo que este pregador estaria presente em uma determinada igreja, decidiu ir até lá para ‘desmascará-lo’.

Assistiu a mensagem, e ao final, quando o mensageiro perguntou se alguém gostaria de falar algo, ele aproveitou para dizer que não acreditava no uso de tal dom.

Disse que só acreditaria no mensageiro se Deus lhe falasse quando foi a última vez que ele tinha cometido um pecado.

O mensageiro, falou que oraria a Deus e se fosse da vontade dele isto se revelaria.

Passado alguns minutos de oração, o mensageiro parecia não entender o que Deus queria dizer. Enquanto isso, o homem debochava dele diante de todos os presentes, dizendo: ‘vejam como ele não consegue ter a resposta de Deus... ele é uma farsa...’

Repentinamente, o mensageiro parou de orar e virou-se para o público. O homem questionou: ‘Já sabe qual foi meu último pecado? Deus já lhe revelou?’

‘Não!’, disse o pregador, ‘Não posso lhe dizer qual foi seu último pecado.’

O homem riu diante de todos, dizendo que ele era uma fraude. Foi quando o mensageiro lhe disse:

‘Não posso e ninguém pode lhe dizer qual seu último pecado, e nem mesmo Deus lhe dirá.’

‘Como assim?’, perguntou o homem.

‘Deus me falou que não lhe dirá qual foi o seu último pecado porque você já pediu perdão e foi perdoado. Ele jamais faz uso do pecado de alguém contra a própria pessoa. Deus ‘esqueceu’ seu pecado, deixou para trás, de forma que não o jogará na sua cara, nem mesmo diante de seu desafio, pois caso contrário ele estará indo contra sua própria natureza.”

É desta forma que Deus trata nossos pecados, quando ele perdoa, perdoa por completo, não traz à mente para nos lembrar, não usa como argumento para nos convencer de nada, ao contrário do que nós fazemos. Devemos buscar o aperfeiçoamento de nossa capacidade de perdoar, tendo sempre em mente que amor e perdão devem caminhar juntos.

A análise até aqui nos encaminha ao entendimento de que o termo utilizado temos perdoado” tem em vista uma ação terminada antes do perdão de Deus, o que não significa que temos que perdoar antes de receber o perdão. Mas é focalizado na atitude dos discípulos de Cristo (todos nós), que ao perdoarem as dívidas alheias, sempre poderão esperar pela misericórdia de Deus. O meu e o seu perdão para os que estão em falta para conosco deve ocorrer independente deles, e jamais servirá como “moeda” de barganha para com Deus, a fim de que sejamos perdoados em nossas próprias dívidas. O perdão deve ser uma atitude natural no coração do crente em Jesus Cristo, de tal forma que ele será aplicado antes dele analisar se terá ou não benefícios pessoais através dele.

Deixemos bem evidenciado aqui que esta não é uma atitude fácil. Por isso devemos procurar imitar a atitude divina. Porém, através das experiências vividas e relatadas por muitos cristãos, sabe-se que o ato de perdoar traz em muitos casos maior alento ao coração daquele que concede o perdão do que àquele que recebe.

Meu desejo é que eu e você, movidos pela ação de Deus em nossas vidas, possamos aprender a liberar perdão.

Versículo 13:

“ e não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal. [Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém.] (Lucas 11.1-4 também omite)[1]

“e não nos deixes entrar em tentação”

A tentação é entendida como sendo o apelo para cometer pecado. Sabemos, no entanto, que Deus não tenta ninguém para o mal.

Podemos então entender que Jesus está pedindo que Deus nos dirija de tal forma, que não nos vejamos em situações nas quais sejamos tentados, livrando-nos assim do mal. Desta forma, a própria tentação não viria de Deus, mas as circunstâncias que conduzam à tentação podem vir da parte dele.

Alguns ilustram essa tentação como a tentação de Adão e Eva. Deus teria criado as circunstâncias da tentação, ao mesmo tempo em que advertiu sobre a prova ou teste.

Ao lermos Paulo no livro de I Cor.10.13, conseguimos entender melhor isso:

“3 Não vos sobreveio nenhuma tentação, senão humana; mas fiel é Deus, o qual não deixará que sejais tentados acima do que podeis resistir, antes com a tentação dará também o meio de saída, para que a possais suportar.”

Prosseguindo a leitura temos: “mas livra-nos do mal.” Isso pode ser considerado como sendo outra petição, ao mesmo tempo em que é uma extensão da anterior. A real importância está no fato de que no grego, “do mal”, pode ser masculino ou neutro e por isto pode ser considerado como o mal de modo geral (tentações, más condições de vida, sofrimentos em geral, etc.)[2].

A parte seguinte, “Porque teu(...)”, normalmente aparece nas edições bíblicas entre parênteses indicando que não são encontrados nos melhores manuscritos, não fazendo parte da oração original de Jesus, o que não significa que não podemos usá-lo em nossa oração, pois expressa uma verdade absoluta.

Ao término desta breve reflexão, devemos reforçar a idéia de que o desejo de Jesus foi nos mostrar, através de um modelo de oração, quais devem ser nossas motivações quando levamos nossa mente e nosso coração a Deus.

Já mencionamos esta idéia, mas creio ser importante relembrá-la. Em momento algum Jesus teve a intenção de fazer com que a oração do Pai Nosso se tornasse uma espécie de “reza” repetitiva.

Meu desejo é que a partir de agora, você e eu possamos fazer nossas orações de maneira mais consciente e que através de um verdadeiro “diálogo”, movido por corações sinceros, levemos a Deus nossa gratidão, nossos desejos e petições. E que firmados na fé em Jesus Cristo, possamos manter viva a convicção de que seu amor e misericórdia serão sempre derramados sobre nós.

Deus a todos abençoe grandemente!

Marcos Miranda



[1] [Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém.] estão omitidos nas melhores traduções,inclusive no livro de Lucas 11.1-4.

[2] Chanplin, Russel Norman.

Um comentário:

  1. Ei Marcos, encontrei seu blog por acaso, e fiquei feliz por saber que uma pessoa que tem o mesmo nome e sobreno que eu "Marcos Miranda", partilhamos do mesmo projeto...Que o Senhor continue lhe consedendo graça e sabedoria, para fazer a diferença em um mundo prosmícuo e permeado de uma falsa religiosidade...Grande abraço, e quando puder, dê uma contribuição no meu blog: www.filosofiadecasais.blogspot.com

    Att. Marcos Miranda

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